domingo, fevereiro 24, 2013

A Maldição do Tigre - Capítulo 4 - parte I




O estranho

   Dois dias depois, encontrei um homem alto e de aparência distinta, vestido num terno preto e elegante, perto da jaula de Jus. Seu cabelo branco e grosso era curto, e a barba e o bigode eram bem aparados. Seus olhos eram castanhos-escuros, quase negros, e ele tinha um nariz comprido e aquilino e a pele azeitonada. O homem estava sozinho, falava em tom suave e definitivamente destoava daquele galpão.
   - Oi! Posso ajudá-lo? - perguntei.
   O homem se virou e sorriu para mim.
   - Olá! Você deve ser a Srta. Kelsey. Meu nome é Anik Kadam. É um prazer conhecê-la.
   Ele juntou as mãos diante do corpo e se curvou.
   E eu que pensei o cavalheirismo tivesse morrido.
   - Sim, eu sou a Kelsey. Posso fazer algo pelo senhor?
   - Talvez haja algo que você possa fazer por mim. - Ele sorriu com simpatia e explicou: - Gostaria de falar com o sono do circo sobre este magnífico animal.
   - Ah, claro. O Sr. Maurizio está nos fundos do prédio principal, no trailer preto. Quer que eu o leve até lá?
   - Não precisa se incomodar, minha querida. Mas muito obrigado pela oferta. Irei até lá agora mesmo.
   Virando-se, o Sr. Kadam deixou o galpão, fechando a porta ao sair.
   Depois de dar uma olhada em Jus para ter certeza de que ele estava bem, eu falei.
   - Que coisa estranha. O que será que ele queria: Talvez tenha um interesse especial em tigres.
   Hesitei por um momento e então enfiei a mão pelas grades da jaula. Perplexa com minha própria coragem, fiz carinho rápido na pata de Jus e comecei a preparar seu café da manhã.
   - Não é todo dia que uma pessoa vê um tigre tão bonito quanto você - brinquei - Ele provavelmente só quer parabenizá-lo pelo espetáculo.
   Jus grunhiu em resposta.
   Resolvi comer alguma coisa e segui para o prédio principal. Lá, deparei com um frenesi incomum. As pessoas se reuniam e fofocavam em grupos pequenos e dispersos. Peguei um muffin de chocolate e uma garrafinha de leite frio e interpelei Matt.
   - O que está acontecendo? - perguntei depois de dar uma grande mordida no muffin.
   - Não sei. Meu pai, o Sr. Maurizio e outro homem estão numa reunião séria, e recebemos ordens de suspender nossas atividades diárias. Fomos instruídos a esperar aqui. Ninguém faz ideia do que está acontecendo.
   - Humm.
   Sentei-me, comendo e ouvindo as loucas teorias e especulações da trupe.
   Não tivemos que esperar muito. Alguns minutos depois, o Sr. Maurizio, o Sr. Davis e o Sr. Kadam, o estranho que eu conhecera mais cedo, entraram no prédio.
   - Sedetevi, meus amigos. Sentem-se. Sentem-se! - disse o Sr. Maurizio com um sorriso radiante. - Este cavalheiro, o Sr. Kadam, fez de mim o mais feliz dos homens. Ele acabou de fazer uma oferta pelo nosso amado tigre Justin.
   Houve um arquejo audível no salão enquanto várias pessoas se remexiam em suas cadeiras e murmuravam baixinho ente si.
   O Sr. Maurizio prosseguiu:
   - Bem, bem... silenzio. Shh, amici miei. Deixem-me terminar! Ele quer levar nosso tigre de volta para a Índia, para o Parque Nacional Ranthambore, a grande reserva de tigres. O denaro do Sr. Kadam vai nos manter por dois anos! O Sr. Davis está d'accordo comigo e acredita que o tigre certamente será mais feliz naquele lugar.
   Olhei para o Sr. Davis, que assentiu, solene.
   - Combinamos que faremos os espetáculos desta semana e então o tigre irá com o Sr. Kadam com l'aereo, de avião, para a Índia, ao passo que nós seguiremos para a próxima cidade. Justin ficará conosco está última semana até o grandioso finale no sábado! - concluiu o apresentador do circo, com um tapinha nas costas do Sr. Kadam.
   Os dois então se viraram e deixaram o prédio.
   Imediatamente, as pessoas começaram a circular e conversar. Eu as observavam irem de um grupo a outro, como um bando de galinhas na hora da comida, andando e ciscando migalhas de informações e boatos. Falavam num tom animado e davam tapinhas nas costas uns dos outros, murmurando cumprimentos animados pelo fato de os próximos dois anos na estrada já estarem garantidos. 
   Todos estavam felizes, menos eu. Fiquei lá sentada, segurando o resto do meu muffin. Ainda estava boquiaberta e me sentia grudada na cadeira. Depois de me recompor, chamei Matt.
   - Como isso afeta o seu pai?
   Ele deu de ombros.
   - Papai ainda tem os cães e sempre teve interesse em trabalhar com cavalos miniaturas. Agora que o circo tem mais dinheiro, talvez tem mais dinheiro, talvez ele consiga fazer que com o Sr. Maurizio compre uns dois para que ele possa começar a adestrá-los.
   Ele se afastou enquanto eu pensava na pergunta: como isso me afeta? Eu me sentia... angustiada. Sabia que, de qualquer modo, o trabalho no circo terminaria logo, mas afastaram isso da mente. Eu sentiria muita saudade de Jus. Não me dera contra disso até aquele momento. Ainda assim, estava feliz por ele. Suspirei e me recriminei por me envolver tanto emocionalmente.
   Apesar de estar feliz pelo meu tigre, também estava triste, sabendo que sentiria falta de visitá-lo e de conversar com ele. Pelo resto do dia me mantive ocupada para não pensar no assunto. Matt e eu trabalhamos a tarde toda e só tive tempo de ver Jus novamente depois do jantar.
   Fui direto para minha tenda, peguei a colcha, o diário e um livro, e corri para o galpão. No meu cantinho favorito, sentei-me com as pernas esticadas.
   - Oi, Jus. Que boa notícia para você, hein? Vai voltar para a Índia! Espero de verdade que você seja feliz lá. Talvez encontre uma linda namorada tigresa.
   Ouvi uma espécie de resmungo vinda da jaula e pensei por um instante.
   - Espero que ainda sabia caçar e tudo mais. Bem, acho que o pessoal da reserva vai ficar de olho para que você não deixe de se alimentar.
   Ouvi um ruído no galpão e me virei. O Sr. Kadam acabara de entrar. Sentei-me um pouco mais ereta e me senti constrangida por ser flagrada conversando com um tigre.
   - Lamento interrompê-la - disse o Sr. Kadam. Seus olhos correram do tigre para mim, ele me estudou com cuidado e então afirmou: - Você parece ter... carinho por este tigre. Estou certo?
   Respondi, sem reservas: 
   - Está. Gosto da companhia dele. Então o senhor percorre circos resgatando tigres? Deve ser um emprego interessante.
   Sorrindo, ele explicou:
   - Ah, esse não é o meu trabalho principal. Minha verdadeira ocupação é administrar um grande patrimônio. O tigre é um item que desperta o interesse do meu empregador e foi ele quem fez a oferta ao Sr. Maurizio.
   Ele encontrou um banquinho e se sentou, equilibrando o corpo alto no banco baixo com naturalidade que eu não teria esperado de um homem daquela idade.
   - O senhor é da Índia?



Oii povo lindo do meu coração... então era para eu escrever mais nesse capítulo, mas não deu tempo nada nesse final de semana, mas para não deixar vocês sem o capítulo separei em partes de novo o capítulo 4... espero que gostem... Beijos :*


domingo, fevereiro 17, 2013

A Maldição do Tigre - Capítulo 3 - parte II

   - Ah, você o ofendeu. Ele é muito sensível, sabia? Respondendo à sua pergunta, ele é macho.
   - Humm.
   Depois que o tigre comeu, o Sr. Davis sugeriu que eu observasse o animal praticar seu número. Fechamos as portas do galpão e deslizamos as traves de madeira para trancá-las e impedir que o tigre escapasse. Então subi a escada de mão até o mezanino para assistir de cima. Se alguma coisa desse errado, o Sr. Davis me instruíra a sair pela janela e chamar o Sr.Maurizio.
   O pai de Matt se aproximou da jaula, abriu a porta e chamou Justin. O tigre olhou para ele e então pôs a cabeça de volta sobre as patas, sonolento. O Sr. Davis tornou a chamá-lo.
   - Venha!
   A boca do tigre se abriu em bocejo e suas mandíbulas se escancararam. Estremeci ao ver os dentes imensos. Ele se levantou e esticou as patas dianteiras e em seguida as traseiras, uma de cada vez. Ri ao comparar mentalmente esse grande predador com um gatinho dorminhoco. O tigre deu meia-volta e desceu pela rampa, saindo da jaula.
   Depois de ajeitar um banqueta, o Sr. Davis estalou o chicote, instruindo Justin a saltar. Então pegou a argola e fez o tigre pular por ela durante vários minutos. O animal saltava de um lado para outro, passando com facilidade pelas várias atividades. Seus movimentos não demonstravam o menor esforço. Eu podia ver seus músculos vigorosos movendo-se sob o pelo listrado preto e branco enquanto praticava o seu número.
   O Sr. Davis parecia um bom domador, as por uma ou duas vezes percebi que o tigre podia ter levado a melhor sobre ele. Num dado momento, o rosto do Sr. Davis ficou muito perto das garras estendidas do tigre e teria sido muito fácil para o animal atingi-lo, mas, em vez disso, ele tirou a pata do caminho. Em outra ocasião, eu podia jurar que o Sr. Davis havia pisado em sua cauda, no entanto, o tigre apenas grunhiu suavemente e deslizou a cauda para o lado. Aquilo era muito estranho e eu me vi ainda mais fascinada pelo belo animal, imaginado como seria tocá-lo.
   O galpão estava abafado e o Sr. Davis transpirava visivelmente. Ele incitou o tigre a voltar para a banqueta e então dispôs mais três banquetas perto da primeira e o fez saltar de uma para outra. Ao terminar, levou o felino de volta para a jaula, deu-lhe um petisco especial e fez sinal para que eu descesse.
   - Kelsey, é melhor você ir para o edifício principal e ajudar Matt a se preparam para o espetáculo. Hoje teremos um grupo da terceira idade vindo de um centro comunitário.
   Desci a escada.
   - Tudo bem se eu trouxer meu diário até aqui para escrever de vez em quando? Quero desenhar o tigre.
   - Tudo bem - disse ele. - Só não chegue muito perto.
   Saí correndo do galpão, acenei para ele e gritei:
   - Obrigada por me deixar assistir ao ensaio. Foi muito emocionante!
   Cheguei correndo para ajudar Matt no momento em que o primeiro ônibus parava no estacionamento. Foi exatamente o oposto do dia anterior. Primeiro, a mulher responsável pelo grupo comprou todos os ingressos de uma vez só, o que tornou meu trabalho muito mais fácil, e então todos os espectadores se dirigiam devagar para dentro, acomodaram-se em seus lugares e logo caíram no sono.
   Como eles podem dormir em meio meio a todo esse barulho? No intervalo, não havia muito a fazer. Metade dos espectadores ainda estava dormindo, e a outra metade aguardava na fila no banheiro. Na verdade, ninguém comprou nada.
   Depois do espetáculo, Matt e eu limpamos tudo num piscar de olhos, o que me deu algumas horas de folga. Corri de volta para a cama, peguei meu diário, uma caneta, um lápis e minha colcha e me dirigi ao galpão. Abri a pesada porta e acendi as luzes.
   Fui andando até a jaula do tigre e o encontrei descansando com a cabeça apoiada nas patas. Dois fardos de feno formavam uma boa cadeira com espaldar. Abri a colcha sobre o colo e peguei o diário. Depois de escrever alguns parágrafos, comecei a desenhar.
   Tivera aulas de arte no ensino médio e meus desenhos com modelo eram bastante razoáveis. Peguei o lápis e olhei para o tigre. Ele me encarava - mas não como se quisesse me devorar. Era mais como... como se estivesse tentando me dizer alguma coisa.
   - Oi. Está olhando o quê? - perguntei, sorrindo.
   Voltei ao desenho. Os olhos redondos do tigre eram bem separados e de um castanho intenso. Ele tinha cílios longos e negros, e um focinho rosado. Seu pelo era de um branco leitoso, com riscas negras propagando-se a partir da testa e da face até a cauda. As orelhas curtas e peludas estavam inclinadas na minha direção e sua cabeça descansava preguiçosamente nas patas. Enquanto me observava, sua cauda se agitava de um lado para outro.
   Fiquei muito tempo tentando acerta o padrão das listras, pois o Sr. Davis me contara que não havia dois tigres com o mesmo padrão. Disse que as listras eram tão distintivas quanto as impressões digitais humanas.
   Continuei a falar com ele enquanto desenhava.
   - Como é mesmo seu nome? Ah, Justin. Bem, vou chamá-lo apenas de Jus. Espero que não se importe. Então, tudo bem com você? Gostou do café da manhã? Sabe, para uma coisa que poderia me comer, você tem um rosto muito bonito.
   Depois de um silencioso intervalo no qual os únicos sons que se ouviam era o do lápis arranhando o papel e o da respiração profunda e ritmada do grande animal, perguntei:
   - Você gosta de ser um tigre de circo? Não deve ser muito emocionante ficar preso nessa jaula o tempo todo.
   Fiquei em silêncio por algum tempo e mordi o lábio enquanto escurecia as listras de seu rosto.
   - Gosta de poesia? Vou trazer meu livro de poemas e ler para você um dia. Acho que tem um sobre gatos que você vai adorar.
   Ergui os olhos do desenho e fiquei surpresa ao ver que o tigre havia se mexido. Ele estava sentado, a cabeça abaixada na minha direção, e me olhava fixamente. Comecei a me sentir um pouco nervosa. Um grande felino fitando você de forma intensa não pode ser um bom sinal.
   Nesse exato momento, o pai de Matt entrou no galpão. O tigre deixou-se cair de lado, mas manteve o rosto voltado para mim, observando-me com aqueles olhos castanhos intensos.
   - Oi, menina. Como vai?
   - Tudo certo. Ah, tenho uma pergunta. Ele não se sente ? Vocês já tentaram encontrar uma namorada para ele?
   Ele riu.
   - Não para este aí. Ele gosta de ficar sozinho. No outro circo me contaram que tentaram cruzá-lo com uma fêmea branca do zoológico que estava no cio, mas ele não quis nada com ela. Até parou de comer e acabaram tirando-o de lá. Acho que ele prefere o celibato.
   - Bem, é melhor eu sair para ajudar o Matt nos preparativos do jantar.
   Fechei o diário e apanhei minhas coisas. Enquanto eu me dirigia ao edifício principal, meus pensamentos se voltaram para o tigre. Pobrezinho. Completamente só, sem uma tigresa ou filhotinhos. Impedido de caçar, preso aqui no cativeiro. Fiquei triste por ele.
   Depois do jantar, ajudei o pai de Matt a levar os cães para outro passeio e em seguida me preparei para dormi. Pus as mãos sob a cabeça e fiquei olhando para o teto da tenda, pensando um pouco mais tigre. Depois de me revirar de um lado para outro por 20 minutos, decidi ir até o galpão de novo. Mantive todas as luzes apagadas, exceto a que ficava perto da jaula, e segui para meu fardo de feno com a colcha.
   Eu me sentia sentimental e por isso levara comigo um exemplar de Romeu e Julieta.
   - Oi, Jus. Quer que eu leia um pouco para você? Bem, não existem tigres na história de Romeu e Julieta, mas quando Romeu subir em uma sacada, você pode se imaginar subindo em uma árvore, está bem? Espere um segundo. Vou criar a atmosfera adequada.
   Era noite de lua cheia, então apaguei a luz, já que o luar entrando pelas janelas iluminava o suficiente do galpão para que eu pudesse ler.
   A cauda do tigre batia na base de madeira do vagão. Virei-me de lado, improvisei um travesseiro com o feno e comecei a ler em voz alta. Eu só conseguia distinguir-lhe o perfil e ver seus olhos brilhando na luz espectral. Comecei a me sentir cansada e suspirei.
   - Ah, não se fazem mais homens como Romeu. Talvez um homem assim nunca tenha existido. Exceto pela minha presente companhia, é claro. Tenho certeza de que você é um tigre muito romântico. Shakespeare sabia mesmo escrever sobre homens sonhadores, não é?
   Fechei os olhos para descansar um pouco só acordei na manhã seguinte.


Daquele dia em diante, eu passava todo o meu tempo livre no galpão com Jus. Ele parecia gostar da minha presença e sempre empinava as orelhas quando eu começava a ler para ele. Importunei o pai de Matt com perguntas e mais perguntas sobre tigres até sentir que ele já estava me evitando. Mas sabia que o Sr. Davis gostava do meu trabalho.
   Todo dia eu me levantava cedo para cuidar do tigre e dos cães, e todas as tardes eu me sentava perto da jaula de Jus para escrever em meu diário. À noite, levava minha colcha e um livro. Às vezes escolhia um poema e o lia e voz alta. Outras vezes, eu apenas conversava com ele.

Cerca de uma semana depois de eu começar a trabalhar no circo, Matt e eu estávamos assistindo ao espetáculo, como de costume, mas quando chegou a hora do número do Jus, ele pareceu diferente. Depois de percorrer o túnel e entrar na jaula, correu em círculos e andou de um lado para o outro diversas vezes. Ficava olhando para a plateia, como se estivesse procurando alguma coisa.
   Por fim, imobilizou-se como uma estátua e olhou diretamente para mim. Ouvi o chicote estalar várias vezes, mas o tigre mantinha o olhar fixo em mim. Matt me cutucou e o contato visual se desfez.
   - Que coisa mais estranha - disse Matt.
   - Qual é o problema? - perguntei. - O que está acontecendo? Por que ele está olhando para nós?
   Ele deu de ombros.
   - Não sei. Isso nunca aconteceu.
   Jus finalmente parou de nos olhar e deu início à sua rotina. Depois de terminado o espetáculo e de eu acabar a limpeza, fui visitar Jus, que andava de um lado para outro na jaula. Quando me viu, ele se sentou, acomodou-se e pousou a cabeça sobre as patas. Fui até a jaula.
   - Oi, Jus, O que está havendo com você hoje? Estou preocupada. Espero que não esteja ficando doente nem nada.
   Ele ficou descansando em silêncio, mas manteve os olhos em mim, seguindo meus movimentos. Aproximei-me lentamente da jaula. Eu me sentia atraída pelo animal e não conseguia controlar uma compulsão muito forte e perigosa. Era um impulso quase tangível. Talvez porque eu sentisse que éramos ambos solitários ou talvez porque ele fosse uma criatura tão linda. Não sei o motivo, mas eu queria - eu precisava - tocá-lo.
   Tinha noção do risco, mas não sentia medo. De alguma forma, eu sabia que ele não me machucaria, então ignorei os sinais de alerta que piscavam em minha mente. Meu coração começou a bater muito rápido. Dei mais um passo em direção à jaula e fiquei ali parada por um instante, trêmula. Jus estava totalmente imóvel. Continuava a me olhar, calmo, com seus olhos castanhos.
   Estendi lentamente a mão na direção da jaula, esticando os dedos até sua pata. Toquei seu pelo branco e macio com a ponta dos dedos. Ele solto um profundo suspiro, mas não se mexeu. Ganhando coragem, pus toda a mão sobre sua pata, acariciei-a e percorri uma das listras com o dedo. Sem o menos aviso, sua cabeça se moveu na direção da minha mão. Antes que eu pudesse tirá-la da jaula, ele a lambeu. Senti cócegas.
   Retirei a mão rapidamente.
   - Jus! Você me assustou! Pensei que fosse arrancar meus dedos!
   Hesitante, estendi a mão, aproximando-a da jaula novamente, e sua língua rosada atravessou as grades para lambê-las. Deixei- o lamber algumas vezes e então fui até a pia e lavei a saliva de tigre.
   Voltando ao meu cantinho favorito, no fardo de feno, eu disse:
   - Obrigada por não me comer.
   Ele bufou levemente em respostas.
   - O que você gostaria de ler hoje? Que tal aquele poema de gato que lhe prometi?
   Eu me sentei, abri o livro de poemas e encontrei  a página.
   - Muito bem, aqui vai.

EU SOU O GATO
Leila Usher

No Egito, me veneravam.
Eu sou o Gato.
Porque não me dobro à vontade do homem,
Chamam-me mistério.
Quando pego e brinco com um rato,
Chamam-me cruel,
No entanto, eles capturam animais
Em parques e zoos, para que possam admirá-los.
Acham que todos os animais foram feitos para o seu prazer,
Para serem seus escravos.
E, enquanto eu mato apenas quando preciso,
Eles matam por prazer, poder e ouro,
E se consideravam superiores!
Por que eu deveria amá-los?
Eu, o Gato, cujos ancestrais
Orgulhosamente percorreram a selva,
Nenhum deles domado pelo homem.
Ah, por acaso eles sabem
Que a mesma mão imortal
Que lhes soprou a vida também soprou a minha?
Mas somente eu sou livre
Eu sou O GATO.

   Fechei o livro e olhei, pensativa, para o tigre. Eu o imaginei altivo e nobre, correndo pela selva em uma caçada. De repente tive muita, muita pena dele. Essa vida de se apresentar em um circo não é digna, mesmo que você tenha um bom domador. Um tigre não é um cachorro ou um gato, que podem ser animais de estimação. Ele deveria estar em liberdade, na natureza.
   Levantei-me caminhei até o tigre. Titubeante, estendi a mão para a jaula a fim de acariciar sua pata outra vez. Imediatamente, sua língua veio lamber a minha mão. A princípio eu ri, depois fiquei séria. Devagar, levei a mão até sua face e alisei o pelo macio. Então, ganhando coragem, cocei atrás de sua orelha. Uma vibração profunda ressoou em sua garganta e eu me dei conta de que ele estava ronronando. Sorri e cocei um pouco mais sua orelha.
   - Gosta disso, não é?
   Tirei a mão da jaula, sempre lentamente, e fiquei observando-o por um minuto, refletindo sobre o que havia acontecido. Ele tinha uma expressão de melancolia quase humana. Se os tigres têm alma, e acredito que tenham, imagino que a dele seja triste e solitária.
   Olhei dentro daqueles grandes olhos castanho e sussurrei: 
   - Queia que você fosse livre.




WHATZZUP? 
Então não demorei dessa vez, eu pensei em vocês leitoras... 
Eu fiquei PUTA da vida com o jogo do Galo X Ganso.
Eu tava torcendo pro meu Ganso, apesar de ser atleticana.
E respondendo a Jossy, sim eu me inspirei no livro a maldição do tigre, é uma pena que não você leu, é ótimo!!
Então, estou indo, até sexta amores :* 

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

A Maldição do Tigre - Capítulo 3 - parte I

O tigre

   As crianças deixaram o circo fazendo tumulto estridente. Um ônibus deu a partida no estacionamento. Enquanto ele despertava ruidosamente, sibilando e soltando fumaça pelo cano de descarga, Matt se levantou e espreguiçou-se:
   - Pronto para o trabalho de verdade?
   Gemi, sentindo os músculos dos braços já doloridos.
   - Claro. Vamos lá.
   Ele começou a limpar a sujeira das cadeiras, que ia empurrando contra a parede. Depois me entregou uma vassoura. 
   - Agora temos que varrer a área toda, guardar tudo nas caixas e então arrumá-las novamente. Você começa enquanto vou entregar o dinheiro ao Sr. Maurizio.
   - Sem problemas.
   Comecei a percorrer o lugar lentamente, empurrando a vassoura à minha frente. Minha mente voltou aos números circenses que vira. Gostara mais dos cães, mas havia algo de irresistível no tigre. Meus pensamentos continuavam voltando ao grande felino.
   Como será ele de perto? E por que cheira a sândalo? Eu não sabia sobre tigres, exeto o que vira tarde da noite nos canais de documentários e lera em exemplares antigos da National Geographic. Eu nunca havia me interessado por tigres, mas, por outro lado, também nunca trabalhara em um circo.
   Eu já tinha quase terminado de varrer quando Matt voltou. Ele se abaixou para me ajudar a recolher o gigantesco monte de lixo antes de passarmos uma boa hora arrumando caixas e arrastando-as de volta ao depósito.
   Com esse trabalho pronto, Matt me disse que eu podia ter uma ou duas horas de folga até a hora de me juntar à trupe para o jantar. Eu estava ansiosa para ter algum tempo para mim, assim corri de volta à tenda.
   Troquei de roupa, encontrei um lugar apenas ligeiramente desconfortável na cama e peguei meu diário. Enquanto mordiscava a caneta, eu refletia sobre as pessoas interessantes que havia conhecido ali. Estava claro que o pessoal do circo se considerava uma família. Várias vezes vi as pessoas oferecendo ajuda, mesmo que não fosse tarefa sua. Também escrevi um pouco sobre o tigre. O felino realmente chamou minha atenção. Talvez eu devesse trabalhar com animais e estudá-los na faculdade, pensei. Então me lembrei de minha extrema aversão a biologia e soube que eu nunca me daria bem naquela área.
   Estava quase na hora do jantar. O cheiro delicioso vindo do prédio maior fez minha boca se encher de água.
   Nada parecido com biscoitos vegans de Sarah, pensei. Na verdade, lembra a comida da minha vó. 
   Lá dentro, Matt arrumava as cadeiras em torno de oito mesas dobráveis compridas. Umas das mesas estava posta com comida italiana. O aspecto era fantástico. Ofereci ajuda, mas Matt me dispensou.
   - Você trabalhou duro hoje, Kelsey. Relaxe. Eu faço isso - disse ele.
   Cathleen acenou, me chamando.
   - Venha se sentar comigo. Só podemos começar a comer depois que o Sr. Maurizio fizer os anúncios da noite.
   E, no momento em que sentamos, o Sr. Maurizio entrou dramaticamente no recinto.
   - Favolosa performance, de todos vocês! E um trabalho eccellente de nossa mais nova vendedora, hein? Esta noite é uma celebração! Encham os pratos, mia famiglia! 
   Dei uma risadinha. Hum. Ele representa o papel o tempo todo, não só durante o espetáculo.
   Virei-me para Caithleen.
   - Acho que isso quer dizer que fizemos um bom trabalho, não é?
   - É, sim. Vamos comer! - respondeu ela.
   Entrei na fila com Caithleen, peguei meu prato de papel e o enchi com salada verde italiana, uma boa colherada de massa em formato de conchas recheadas com espinafre e queijo cobertas com molho de tomate, frango à parmegiana e, sem ter lugar suficiente no prato, enfiei um pão quente na boca, peguei uma garrafa de água e me sentei. Não pude deixar de notar grande cheesecake de chocolate para a sobremesa, mas não consegui nem terminar a comida que tinha no prato.
   Depois do jantar, fui até um canto mais silencioso do prédio e liguei para dar notícias a Sarah e Mike. Quando desliguei, aproximei-me de Matt, que guardava as sobras na geladeira.
   - Não vi seu pai no jantar. Ele não come?
   - Levei um prato para ele. Estava ocupado com o tigre.
   - Há quanto tempo seu pai trabalha com aquele tigre? - perguntei, curiosa. – Segundo a descrição do emprego, devo ajudá-lo com isso.
   Matt empurrou para o lado uma garrafa meio vazia de suco de laranja, enfiou uma caixa de comida para viagem ao lado dela e fechou a geladeira.
   - Há cinco anos, mais ou menos. O Sr. Maurizio comprou o tigre de outro circo, que o havia comprado de outro circo antes. Ninguém conhece a história completa dele. Papai diz que o tigre faz só os truques básicos e se recusa a aprender qualquer coisa nova, mas o lado bom é que ele nunca deu problema nenhum. É uma fera tranquila, quase dócil, tanto quantos os tigres podem ser.
   - Então, o que eu tenho que fazer? Vou mesmo dar comida a ele?
   - Não se preocupe. Não é assim tão difícil, desde que  você evite as presas - zombou Matt. - Estou brincando. Você só vai levar a comida do tigre de um prédio ao outro. Converse com meu pai amanhã. Ele dará todas as informações de que precisa.
   - Obrigada, Matt!
   Ainda restava uma hora de luz do dia lá fora, mas eu teria que levantar cedo outra vez. Depois de tomar um banho, escovar os dentes, vestir meu pijama de flanela quentinho e calçar os chinelos, corri para minha tenda e me aconcheguei sob a colcha da minha avó. Ler um capítulo do livro que eu trouxera me deixou sonolenta e logo mergulhei em um sono profundo.


Na manhã seguinte, após o café, corri até o canil e encontrei o pai de Matt brincando com os cães. Parecia uma versão adulta de Matt, com os mesmo cabelos e olhos castanhos. Ele se volto para mim quando me aproximei e disse:
   - Olá. Você é a Kelsey? Será minha assistente hoje.
   - Sim, senhor.
   Ele apertou minha mão com simpatia e sorriu.
   - Pode me chamar de Andrew ou Sr. Davis, se preferir algo mais formal. A primeira coisa que precisamos e fazer é levar estas criaturinhas cheias de energia para dar uma volta.
   - Parece bastante fácil.
   Ele riu
   - Veremos.
   O Sr. Davis me deu guias para prender nas coleiras de cinco cães. Os animais eram de uma interessante variedade de raças. Tinha um beagle, um mestiço de galgo, um buldogue, um dinamarquês e um poodlezinho preto. Eles saltitavam o tempo todo, enroscando as guias uns nos outros - e em mim. O Sr. Davis se abaixou para me ajudar e então partimos.
   O dia estava lindo. Os cães pareciam muito felizes, saltando de uma lado para outro e me puxando em todas as direções, exceto naquela que eu queria seguir.
   Enquanto eu desvencilhava um deles de uma árvore, indaguei ao Sr. Davis:
   - Posso fazer alguma perguntas sobre o seu tigre?
   - Claro.
   - Matt disse que vocês não sabem muito sobre a história dele. Como Justin veio parar no circo?
   O pai de Matt esfregou o queixo coberto pela barba espetada e disse:
   - O Sr. Maurizio comprou Justin de outro circo pequeno, querendo dar uma renovada no espetáculo. Pensou que, como eu trabalhava bem com outros tipos de animais, faria o mesmo com o tigre. Fomos muito ingênuos. Em geral é preciso muito treinamento para trabalhar com grandes felinos. O Sr. Maurizio insistiu que eu tentasse e, felizmente, nosso tigre é bastante tranquilo.
   - Que sorte, hein?
   - Muita sorte. Eu era extremamente despreparado para assumir um animal da aquele tamanho, por isso viajei com o outro circo por um tempo. O domador deles me ensinou a lidar com o tigre e eu aprendi a cuidar do animal. Acho que não teria sido capaz de lidar com qualquer outro dos felinos que eles estavam vendendo.
   - Imagino.
   - Até tentaram fazer com que eu  me interessasse por um dos tigres siberianos, mais agressivos, mas logo percebi que ele não era para nós. Então negociei o tigre branco. Seu temperamento era mais estável e ele demonstrava gostar de trabalhar comigo. Para ser sincero, nosso tigre parece entediado a maior parte do tempo.
   Ponderei essa informação enquanto percorríamos a trilha em silêncio. Desembaraçando os cães de outra árvore, perguntei:
   - Os tigres brancos vêm da Índia? Pensei que viessem da Sibéria.
   O Sr. Davis sorriu.
   - Muita gente acha que ele vêm da Rússia porque a pelagem branca se mistura com a neve, mas os tigres siberianos são maiores e alaranjados. O nosso é uma variedade branca do tigre-de-bengala.
   Ele me olhou, pensativo, por um momento e então perguntou:
   - Quer me ajudar com o tigre hoje? Não precisa ter medo. As jaulas têm trincos de segurança e eu a supervisionarei o tempo todo.
   Sorri, lembrando do doce aroma de jasmim no fim da apresentação do tigre. Um dos cães correu em volta das minhas pernas, me enroscando com a guia e quebrando o devaneio por um momento.
   - Gostaria muito. Obrigada! - agradeci.
   Depois de terminar a caminhada, pusemos os cães de volta ao canil  demos comida a eles.
   O Sr. Davis encheu o bebedouro dos cães com água de uma mangueira verde. Então olhou por sobre o ombro e disse:
   - Sabe, os tigres podem ser completamente extintos em 10 anos. A Índia já aprovou diversas leis proibindo que sejam mortos. Os caçadores e os aldeões são os principais envolvidos. Os tigres em geral evitam os homens, mas são responsáveis por muitas mortes na Índia todos os anos e as pessoas às  vezes querem fazer justiça com as próprias mãos.
   Nesse momento o Sr. Davis acenou para que eu seguisse. Demos a volta no prédio, chegando a um amplo galpão pintado de branco com remate azuis. Ele abriu as portas largas para que entrássemos.
   O sol forte invadia e aquecia o lugar, iluminando as partículas de poeira que subiam à medida que o Sr. Davis e eu passávamos. Fiquei surpresa com a quantidade de luz que havia na construção de dois andares, apesar de ali só haver duas janelas altas. Vigas grossas esguiam-se bem acima de nossas cabeças e cruzavam o teto em arco, e junto às paredes alinhavam-se baias vazias onde se viam fardos de feno empilhados até o teto. Eu o segui enquanto ele se aproximava do lindo vagão para animais que fizera parte da apresentação do dia anterior.
   - Kelsey, quero que conheça Justin. Venha aqui. Vou lhe mostrar uma coisa.
   Nós nos aproximamos da jaula. O tigre, que estivera cochilando ergueu a cabeça e me olhou, curioso, com seus brilhantes olhos castanhos avelãs.
   Aqueles olhos eram hipnóticos. Eles se fixaram em mim, quase como se o tigre estivesse examinado a minha alma.
   Uma onda de solidão tomou conta de mim, mas me esforcei para trancá-la novamente no cantinho onde guardo emoções desse tipo. Engoli em seco e desviei o olhar.
   O Sr. Davis puxou alavanca na lateral da jaula. Um painel desceu, deslizando e isolando o lado da jaula onde Justin estava. O Sr. Davis abriu a porta da jaula, encheu o recipiente de água do tigre, acrescentou cerca de um quarto de xícara de vitaminas e então fechou e trancou a porta. Em seguida, acionou novamente a alavanca para erguer o painel no interior da jaula outra vez.
   - Tenho um pouco de trabalho burocrático para fazer. Quero que você busque o café da manhã do tigre - instruiu o Sr. Davis - Volte ao edifício principal com este carrinho e procure uma geladeira grande atrás das caixas. Tire um pacote de carne e coloque-a no carrinho. Transfira outro pacote de carne do freezer para a geladeira, para descongelar. Quando voltar, ponha a de comida de Justin na jaula exatamente como fiz com as vitaminas. Mas não se esqueça de fechar o painel de segurança primeiro. Consegue fazer isso?
   Agarrei a alça do carrinho.
   - Sem problemas - falei por sobre o ombro enquanto saía.
   Encontrei a carne rapidamente e poucos minutos depois estava de volta.
   Espero que essa porta de segurança resita ou eu serei o café da manhã, pensei ao puxar a alavanca, servir a carne crua em uma tigela grande e deslizá-la com cuidado para dentro da jaula. Eu mantinha um olho cauteloso no tigre, mas ele simplesmente ficou ali parado me olhando.
   - Sr. Davis, esse tigre é macho ou fêmea?
   Ouviu-se um barulho na jaula, um ronco profundo vindo do peito do felino.
   Virei-me para olhar o tigre.
   - Por que você está rugindo para mim?
   O pai de Matt riu.
   - Ah, você o ofendeu. Ele é muito sensível, sabia? Respondendo à sua pergunta, ele é macho.



Mores, tudo bem com vocês? Então o capítulo vai ser grande por isso vou separar em parte amanha vou escrever a segunda parte. Como falei sem computador durante a semana, eu ia aproveitar esse feriado mas não deu tempo, então não tenho nada a dizer a vocês, espero que tenha gostado da primeira parte.
Beijos :*

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Aviso + Novidades.

Oi gente linda do meu coração!!

Estou aqui para avisar que não posso entrar durante a semana, fico difíceis para eu entrar e o capítulo e muito grande, vou começar a continuar.

NOVIDADES

Então.... eu comecei a escrever no animespirit 

Pra quem quiser ler la e só entrar por aqui

>> http://animespirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-idolos-justin-bieber-a-maldicao-do-tigre-560305 << Maldição do Tigre

>> http://animespirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-idolos-justin-bieber-lendas-e-misterios-559921 << Lendas e Mistérios

Hey, quem quiser conversa comigo agora, vou ficar até mais tarde...

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Beijinhos amores :*

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

A Maldição do Tigre - Capítulo 2

O circo

   
   O despertador me arrancou de um sono profundo às 4h30 da manhã. O clima ficaria ameno. Os dias no Oregon raramente eram quentes demais. Algum governante deve ter aprovado uma lei a muito tempo atrás determinando que o estado teria sempre temperaturas moderadas.
    Estava amanhecendo. O sol ainda não havia vencido as montanhas, mas o céu já estava clareando, dando às nuvens no horizonte, a leste, um tom cor-de-rosa de algodão-doce. Devia ter chuviscado durante a noite, porque eu podia sentir o cheiro agradável de grama molhada.
    Pulei da cama, liguei o chuveiro, esperei até o banheiro ficar quente e cheio de vapor, e então entrei no boxe e deixei a água quente bater em minhas costas para acorda os músculos sonolentos.
    O que se veste para trabalhar num circo? Sem saber o que seria adequado pus uma camiseta de mangas curtas e calça jeans. Depois calcei meus tênis, sequei os cabelos com a toalha e fiz rapidamente uma trança que amarrei com uma fita azul. Em seguida apliquei um pouco de brilho labial e voilá: meu traje de circo estava completo.
    Hora de fazer a mala. Imaginei que não ia precisar de muita coisa, somente umas poucas peças que me deixassem confortável, até porque ficaria lá apenas duas semanas e sempre poderia dar um pulo em casa. Vasculhei o armário e escolhi três conjuntos de roupas. Abri as gavetas da cômoda, peguei algumas meias e enfiei tudo em minha infalível mochila da escola. Então juntei produtos de higiene, alguns livros, meu diário, algumas canetas e lápis, minha carteira e as fotos da minha família. Enrolei a colcha de retalhos, apertei-a por cima de tudo e forcei o zíper até fechar.
    Desci a escada com a mochila no ombro. Sarah  e Mike já estavam acordados, tomando o café da manhã. Eles acordavam absurdamente cedo todos os dias para correr
    - Oi, bom dia, pessoal - murmurei.
    - Oi, bom dia para você também - disse Mike. - Está pronta para começar no emprego novo?
    - Estou, Vou vender ingressos e fazer companhia a um tigre por duas semana. Não é ótimo?
    Ele deu uma risadinha.
    - É, parece bem legal. Mais interessante do que a administração pública, pelo menos. Quer uma carona? Vou passar pelo parque de exposições a caminha da cidade.
    Eu sorri para ele.
    - Claro. Obrigada, Mike - respondi.
    Com a promessa de ligar para Sarah regularmente, peguei uma barrinha de cereais, me forcei a engolir meio copo de leite de soja e me dirigi para porta com Mike.
    Chegando ao parque de exposições, vi  uma grande placa azul na rua anunciando os próximos eventos. Numa faixa larga e chamativa, lia-se:

O PARQUE DE EXPOSIÇÕES DO CONDADO DE POLK
DÁ AS BOAS-VINDAS AO
CIRCO MAURIZIO
APRESENTANDO OS ACROBATAS MAURIZIO
E O FAMOSO DHIREN!

    Vamos nessa. Suspirei e comecei a percorrer o caminho de cascalho na direção da construção principal. O complexo central parecia um grande avião ou um bunker militar. A pintura estava rachada e descascando em alguns pontos, e as janelas precisavam ser lavadas. Uma grande bandeira americana tremulava ao vento, enquanto a corrente à qual estava presa tilintava suavemente contra o mastro de metal.
    O parque de exposições era formado por um estranho grupo de edifícios antigos, um pequeno estacionamento e um caminho de terra que serpenteava entre todos os pontos e cercava o perímetro. Dois caminhões-plataforma compridos estavam estacionados ao lado de várias tendas de lona branca. Cartazes do circo pendiam por toda parte - havia pelos menos um cartaz grande em cada edifício. Alguns retratavam acrobatas. Outros tinham fotos de malabaristas.
    Não vi nenhum elefante e deixei escapar um suspiro de alívio. Se houvesse elefantes por aqui, eu provavelmente já teria sentido o cheiro deles.
    Um cartaz rasgado esvoaçava na brisa. Peguei-o pela borda e o alisei sobre o poste. Era foto de um tigre branco. Muito prazer!, pensei. Espero que seja só um... e que não goste de devorar adolescentes. 
    Abri a porta do edifício principal e entrei. A área central havia sido transformada em um circo de um só picadeiro. Fileiras de cadeiras vermelhas estavam empilhadas junto às paredes.
    Havia algumas pessoas conversando em um dos cantos. Um homem alto, que parecia encarregado, estava um pouco afastado do grupo, escrevendo em uma prancheta e inspecionado caixas. Segui direto para ele e me apresentei.
    - Oi, meu nome é Kelsey. Sua funcionária temporada.
    Ele me olhou de cima a baixo enquanto mascava alguma coisa, que então cuspiu no chão.
    - Dê a volta por trás, saindo por aquelas portas ali, e dobre à esquerda. Você vai ver um trailer preto e prateado estacionado.
    - Obrigada!
    A cusparada de fumo me enojou, mas consegui sorrir para ele mesmo assim. Segui o trailer e bati à porta.
    - Só um minuto - gritou uma voz masculina.
    A porta se abriu inesperadamente rápido e eu dei um pulo para trás. Um homem de túnica avultou-se à minha frente, rindo de minha reação. Ele era muito alto, fazendo meu 1,70 metro parecer estatua de um anão, e tinha uma barriga proeminente. Cabelos negros e encaracolados cobriam seu couro cabeludo, mas a linda do cabelo começava um pouquinho além de onde deveria estar. Sorrindo para mim, ele ergueu a mão para pôr a peruca no lugar. Um bigode fino e preto, com as extremidades enroladas em duas pontas finas, projetava-se acima dos lábios. Também tinha uma barbicha quadrada no queixo.
    - Não se intimide com minha aparência - disse ele.
    Baixei os olhos e fiquei vermelha.
    - Não estou intimidada. É que parece que eu o peguei de surpresa. Desculpe se o acordei.
    Ele riu.
    - Eu gosto de surpresas. Elas me mantêm jovem e bonito.
    Dei uma risadinha, mas a interrompi rapidamente ao lembrar que era provável que aquele fosse meu novo chefe. Pés de galinhas cercavam seus olhos zuis cintilantes. A pele era bronzeada, o que destacava o sorriso de dentes brancos e grandes. Ele parecia o tipo de homem que estava sempre rindo de uma piada que só ele sabia qual era.
    Com uma ribombante voz teatral, com forte sotaque italiano, ele perguntou:
    - E quem seria você, jovem?
    Sorri, nervosa.
    - Oi. Meu nome é Kelsey. Fui contratada para trabalhar aqui por algumas semanas.
    Ele se inclinou para me cumprimentar. A mão dele envolveu completamente a minha e ele a sacudiu para cima e para baixo, com entusiasmo suficiente para fazer meus dentes chacoalharem.
    - Ah, stupendo! Que oportuno! Bem-vinda ao Circo Maurizio! Estamos um pouco... como se diz, com pouca mão de obra, e precisamos de alguma assistenza enquanto permanecemos em sua magnifica città. É esplêndido tê-la aqui! Vamos começar all'istante.
    Ele olhou para uma garota loura bonita, de uns 14 anos, que estava passando.
    - Cathleen, leve esta giovane donna para Matt e diga-lhe que está incarito de treiná-la hoje. - Voltou-se novamente para mim. - Prazer em conhecê-la, Kelsey. Espero que te  piacia, ah, que você goste de trabalhar aqui em nossa piccola tenda di circo!
    - Obrigada. Foi um prazer conhecê-lo também - repliquei.
    Ele piscou para mim, então deu a meia-volta, entrou em seu trailer e fechou a porta.
    Cathleen sorriu e me levou, dando a volta no edifício, até os alojamentos do circo.
    -  Bem-vinda ao grande... é, bem, pequeno circo! Venha comigo. Poderá dormir na minha tenda, se quiser. Tem algumas camas extras lá. Minha mãe, minha tia e eu dividimos o espaço. Viajamos com o circo. Minha mãe e minha tia são acrobatas. Nossa tenda é legal, se puder ignorar todos aqueles trajes de espetáculo.
    Ela me levou até sua tenda. Guardei a mochila debaixo da cama vaga e olhei à minha volta. Ela tinha razão sobre os trajes. Rendas, lantejoulas, penas e peças de lycra cobriam todas as superfícies da tenda espaçosa. Havia também uma mesa espelhada e iluminada com maquiagem, escovas de cabelos, grampos e bobes espalhados sobre cada centímetro quadrado da superfície.
    Em seguida, encontramos Matt, que parecia ter 14 ou 15 anos. Tinha cabelos castanhos e curtos, olhos também castanhos e curtos, olhos também castanhos e um sorriso despreocupado. Estava tentando montar sozinho uma barraca de venda de ingressos - sem sucesso.
    - Oi, Matt - disse Cathleen, enquanto segurávamos a base da barraca para ajudá-lo.
    Ela enrubesceu. Que gracinha. 
    - Está é a Kelsey - continuou Cathleen. - Vai ficar aqui por duas semanas. É você quem vai explicar tudo a ela.
    - Sem problemas - disse ele. - Até já, Cath.
    - Até.
    Ela sorriu e se foi.
    - Então, Kelsey, acho que vai ser minha assistente hoje. Você vai adorar - disse ele, brincando comigo. - Eu cuido das barracas de ingressos e de souvenirs, e também sou o lixeiro e o estoquista. Basicamente, faço tudo que precisa ser feito por aqui. Meu pai é o domador dos animais.
    - Que emprego legal o dele - repliquei. - Bem, pelo menos parece melhor do que lixeiro.
    Matt riu.
    - Vamos ao trabalho! - disse ele.
    Passamos as horas seguintes arrastando caixas, reabastecendo as barracas e preparando tudo para o público.
    Ai, estou fora de forme, pensei enquanto meus bíceps protestavam.
   Papai costumava a dizer que o trabalho duro mantém você centrado sempre que mamãe inventava um projeto novo e árduo, como plantar um jardim. Ele era infinitamente paciente e, quando eu me queixava do trabalho extra, ele se limitava a sorrir e dizer: "Kells, quando você ama alguém, aprender a dar e receber. Um dia isso vai acontecer com você"
   Por algum motivo. eu duvidava de que essa fosse uma daquelas situações.
   Quando estava tudo pronto, Matt me mando até Cathleen para eu me trocasse e vestisse uma roupa de circo - que vinha a ser dourada e brilhante, algo de que eu normalmente não teria nem me aproximado.
   É melhor que este emprego valha o sacrifício, murmurei baixinho, enfiando a cabeça pela gola cintilante.
   Vestida em meu novo traje, fui a barraca de ingressos e vi que Matt havia instalado a tabuleta de preços. Ele me aguardava com instruções, um caixa com chave e os ingressos. Também havia me trazido uma sacola com o almoço.
   - É hora do espetáculo. Como isto depressa, Os ônibus de uma acampamento infantil estão a caminho.
   Antes que eu pudesse termina de comer, as crianças do acampamento avançaram sobre mim em uma estridente confusão. Meu sorriso de atendimento ao cliente provavelmente parecia mais uma careta assustada. Não havia para onde eu correr. Elas me cercavam por todos os lados, cada uma gritando por atenção.
   Os adultos se aproximaram e eu perguntei, esperançosa:
   - Vocês vão pagar por todos os ingressos de uma vez?
   - Ah, não - respondeu um dos professores. - Decidimos deixar cada criança comprar o próprio ingresso.
   - Ótimo - murmurei com um sorriso amarelo.
   Cathleen logo se juntou a mim e trabalharmos até ouvirmos a música do início do espetáculo. Fiquei ali sentada por mais uns 20 minutos, mas ninguém apareceu, então tranquei a caixa de dinheiro e encontrei Matt dentro da tenda assistindo ao espetáculo.
   O homem que eu conhecera mais cedo naquela manhã era o apresentador.
   - Qual é o nome dele? - perguntei a Matt em um sussurro.
   - Agostino Maurizio - respondeu ele. - É o dono do circo e os acrobatas são todos da família dele.
   O Sr. Maurizio chamou os palhaços, os acrobatas e os malabaristas, e comecei a me divertir com o espetáculo. Logo depois, porém, Matt me cutucou e me indicou a barraca de souvenirs. O intervalo ia começa em breve: hora de vender balões de gás.
   Juntos, enchemos dezenas de balões multicoloridos usando um tanque de hélio, As crianças estavam frenéticas! Corriam por todas as barracas e contavam moedas, querendo gastar cada centavo.
   Matt recebia o dinheiro enquanto eu enchia os balões. Eu nunca tinha feito aquilo antes e estourei alguns, o que assustou as crianças, mas tentei transformar os estouros ruidosos em uma brincadeira, gritando "Ooopa!" todas as vezes que isso acontecia. Logo, logo elas estavam gritando "Ooopa!" junto comigo.
   A música recomeçou e as crianças correram de voltas ao seus lugares, agarradas a suas diversas aquisições. Vários meninos haviam comprado espadas que brilhavam no escuro e agora as agitavam no ar, ameaçando uns aos outros alegremente.
   Quando nos sentamos, o pai de Matt entrou no picadeiro para fazer seu número com os cães. Então foi novamente a vez dos palhaços, que fizeram várias brincadeiras com membros da plateia. Um deles jogou um balde de confetes sobre as crianças.
   Maravilha! Provavelmente vou ter que varrer tudo isso.
   Em seguida, o Sr. Maurizio reapareceu. Uma dramática música de safári começou a tocar e as luzes do circo se apagaram. Apenas um holofote iluminava o apresentador no centro do picadeiro.
   - E agora... o ponto alto do nosso spettacolo! Ele foi tirados das selvas da Índia e trazido aqui para os Estados Unidos. É um caçador feroz que espreita sua presa na floresta, atento, esperando o momento o certo, e então... salta para o ataque!
   Enquanto ele falava, homens trouxeram uma jaula grande e redonda. Tinha o formato de uma tigela gigante emborcada, com um túnel de arame  acoplado a um dos lados. Eles a deixaram no centro do picadeiro e prenderam cadeados em anéis de metal engastados em blocos de cimento.
   O Sr. Maurizio prosseguiu. Ele rugia no microfone e as crianças todas pulavam em suas cadeiras. Dei risada dos movimentos teatrais do Sr. Maurizio. Ele era um bom contador de histórias.
   - Este tigre é um dos predadores mais perigosos do mundo inteiro! - afirmou ele. - Observem com atenção nosso domador arriscar sua vida para lhes trazer... Justin!
   Ele jogou a cabeça para a direita e então deixou o palco correndo enquanto o foco do holofote deslizava para as abas da lona na extremidade da construção. Dois homens haviam arrastado até ali um antigo vagão de animais.
   O vagão tinha um teto branco, curvo e de bordas douradas, grandes rodas pretas pintadas de branco nas extremidades e raios ornamentais esculpidos que haviam sido pintados de dourados. Barras de metal pretas subiam de ambos os lados do vagão formando um arco no alto.
   Uma rampa saindo da porta foi presa ao túnel de arame no momento em que o pai de Matt entrou na jaula. Ali dentro, ele arrumou três banquetas. Vestia um traje dourado impressionante e brandia um chicote curto.
   - Soltem o tigre! - ordenou.
   As portas do vagão se abriram e um homem cutucou o animal pelo lado de fora. Prendi a respiração quando um enorme tigre branco surgiu, desceu a rampa e entrou no túnel. Um instante depois, ele estava na jaula grande, com o pai de Matt. O chicote estalou e o tigre saltou para um banquete. Outra chicotada e o tigre se ergueu nas patas traseiras, arranhando o ar com suas garras. A multidão irrompeu em aplausos.
   O tigre saltou de banqueta em banqueta então o pai de Matt seguia afastando as banquetas cada vez mais. No último salto, prendi a respiração. Eu não tinha certeza se o tigre conseguiria alcançar a banqueta seguinte, mas o pai de Matt o encorajava. Retesando-se, o animal se abaixou, avaliou cuidadosamente a distância e então saltou, transpondo o espaço.
   Seu corpo inteiro se manteve no ar durante vários segundos, com as pernas estiradas à frente e atrás. Era um animal magnífico. Alcançou a banqueta com as patas dianteiras e pousou as patas traseiras graciosamente. Virando-se no pequeno banco, ele girou o corpo imenso com facilidade e se sentou de frente para o domador.
   Aplaudi por muito tempo, totalmente impressionada com a grande fera.
   O tigre rugiu a um comando, ergueu-se nas patas traseiras e agitou as patas dianteiras no ar. O pai de Matt gritou mais um comando. O tigre desceu da banqueta com um salto e correu em círculo pela jaula. O domador fez o mesmo, mantendo os olhos fixos no animal. Ele segurava o chicote e logo atrás da cauda do tigre, estimulando-o a continuar correndo. O pai de Matt fez um sinal e um rapaz passou um grande argola pelas grandes jaula. O tigre saltou por ela, então virou-se rapidamente e repetiu o salto várias vezes.
   O último número do domador foi pôr a cabeça dentro da boca do tigre. Uma onda de silêncio envolveu a multidão e Matt retesou-se. O tigre abriu a boca enorme. Vi os dentes afiados e me inclinei para a frente, preocupada. O pai de Matt aproximou lentamente sua cabeça do tigre. O animal piscou algumas vezes, mas manteve-se firme, e suas poderosas mandíbulas escancararam-se ainda mais.
   O pai de Matt baixou a cabeça, enfiando-a na boca do tigre. Após alguns segundos, ele tirou a cabeça devagar. Quando estava livre e já havia se afastado do tigre, o público aplaudiu, enquanto ele se curvava várias vezes, agradecendo. Outros ajudantes apareceram para ajudar a levar a jaula.
   Meus olhos foram atraídos para o tigre, que agora estava sentado em uma das banquetas. Vi que ele movia a língua, franzindo a cara, como se farejasse algo curioso. Quase parecia que ele estava engasgado, como um gato engole uma bola de pelos. Então ele se sacudiu e ficou ali calmamente sentado.
   O pai de Matt ergueu as mãos e ganhou mais aplausos. O chicote tornou a estalar e o tigre saltou da banqueta, voltou correndo pelo túnel, subiu a rampa e entrou em seu vagão. O pai de Matt saiu correndo do picadeiro e desapareceu atrás da cortina de lona.
   - O Grande Justin! - gritou o Sr. Maurizio dramaticamente. - Mille grazie! Muitíssimo obrigado por virem ao Circo Maurizio!
   Quando a jaula do tigre passou diante de mim, tive uma vontade súbita de acariciar-lhe a cabeça e confortá-lo. Eu não sabia se tigres podiam demonstrar emoções, mas por algum motivo e tinha a impressão de que podia sentir seu estado espírito. Parecia melancólico.
   Exatamente nesse momento, uma brisa suave envolveu com o perfume de jasmim e sândalo, sobrepujando o forte aroma de pipoca com manteiga e algodão-doce. Meu coração disparou enquanto um arrepio percorria meus braços. Mas, tão rápido quanto veio, o cheiro delicioso desapareceu e senti um inexplicável vazio na boca do estômago.
   As luzes se acenderam e as crianças começaram a sair em debandada da arena. Meu cérebro ainda estava ligeiramente confuso. Devagar, levantei-me e me virei para fitar a cortina atrás da qual o tigre havia desaparecido. Um leve vestígio de sândalo e uma sensação inquietante persistiam.
   Ah! Devo ter algum transtorno mental.
   O espetáculo havia acabado e eu estava completamente louca.



Hey lindas, bom, demorei para continuar A Maldição do Tigre, mas eu escrevi um capítulo gigantesco, espero que tenham gostado bastante desse capítulo.
AVISO: Meninas, então... como está voltando as aulas, por causa que ano passado peguei recuperação em português, ela vai ser mais rigorosa esse ano, e, só vai me deixar mexer no computador na Sexta, Sábado e um pouco no Domingo, por causa das tarefas e como fui para o 9º ano, eu vou estudar demais esse ano para tentar entrar na escola só do ensino médio e por isso que vai ser complicado para eu postar, eu vou começar a escrever o capítulo 3, mas como eu estou planejando um capítulo EXTRA grande, então vai demorar um pouco.
Se alguém tiver lendo, comenta, isso me deixara feliz, me conta as coisas, se estão ansiosas para as voltas as aulas, e se lerem esse capítulo depois das aulas começarem, comentem como foram seus primeiros dias de aula, quando eu volar a postar, eu vou comentar tudo que houve comigo essa semana.
WEEEEEEEEEEEEEEEE \õ/... ESTOU MUITO FELIZ PORQUE AMANHÃ TEM UM JOGO AQUI NA MINHA CIDADE, NA PRIMEIRA DIVISÃO (sou atleticana, mas vou torcer para minha cidade) E AINDA VOU ASSISTIR COM O MENINO QUE EU GOSTO (: ..... hahaha estão vendo né, estou muito feliz... 
MAS COMENTEM PARA DEIXAR UMA AUTORA FELIZ
Beijos :*