domingo, fevereiro 24, 2013

A Maldição do Tigre - Capítulo 4 - parte I




O estranho

   Dois dias depois, encontrei um homem alto e de aparência distinta, vestido num terno preto e elegante, perto da jaula de Jus. Seu cabelo branco e grosso era curto, e a barba e o bigode eram bem aparados. Seus olhos eram castanhos-escuros, quase negros, e ele tinha um nariz comprido e aquilino e a pele azeitonada. O homem estava sozinho, falava em tom suave e definitivamente destoava daquele galpão.
   - Oi! Posso ajudá-lo? - perguntei.
   O homem se virou e sorriu para mim.
   - Olá! Você deve ser a Srta. Kelsey. Meu nome é Anik Kadam. É um prazer conhecê-la.
   Ele juntou as mãos diante do corpo e se curvou.
   E eu que pensei o cavalheirismo tivesse morrido.
   - Sim, eu sou a Kelsey. Posso fazer algo pelo senhor?
   - Talvez haja algo que você possa fazer por mim. - Ele sorriu com simpatia e explicou: - Gostaria de falar com o sono do circo sobre este magnífico animal.
   - Ah, claro. O Sr. Maurizio está nos fundos do prédio principal, no trailer preto. Quer que eu o leve até lá?
   - Não precisa se incomodar, minha querida. Mas muito obrigado pela oferta. Irei até lá agora mesmo.
   Virando-se, o Sr. Kadam deixou o galpão, fechando a porta ao sair.
   Depois de dar uma olhada em Jus para ter certeza de que ele estava bem, eu falei.
   - Que coisa estranha. O que será que ele queria: Talvez tenha um interesse especial em tigres.
   Hesitei por um momento e então enfiei a mão pelas grades da jaula. Perplexa com minha própria coragem, fiz carinho rápido na pata de Jus e comecei a preparar seu café da manhã.
   - Não é todo dia que uma pessoa vê um tigre tão bonito quanto você - brinquei - Ele provavelmente só quer parabenizá-lo pelo espetáculo.
   Jus grunhiu em resposta.
   Resolvi comer alguma coisa e segui para o prédio principal. Lá, deparei com um frenesi incomum. As pessoas se reuniam e fofocavam em grupos pequenos e dispersos. Peguei um muffin de chocolate e uma garrafinha de leite frio e interpelei Matt.
   - O que está acontecendo? - perguntei depois de dar uma grande mordida no muffin.
   - Não sei. Meu pai, o Sr. Maurizio e outro homem estão numa reunião séria, e recebemos ordens de suspender nossas atividades diárias. Fomos instruídos a esperar aqui. Ninguém faz ideia do que está acontecendo.
   - Humm.
   Sentei-me, comendo e ouvindo as loucas teorias e especulações da trupe.
   Não tivemos que esperar muito. Alguns minutos depois, o Sr. Maurizio, o Sr. Davis e o Sr. Kadam, o estranho que eu conhecera mais cedo, entraram no prédio.
   - Sedetevi, meus amigos. Sentem-se. Sentem-se! - disse o Sr. Maurizio com um sorriso radiante. - Este cavalheiro, o Sr. Kadam, fez de mim o mais feliz dos homens. Ele acabou de fazer uma oferta pelo nosso amado tigre Justin.
   Houve um arquejo audível no salão enquanto várias pessoas se remexiam em suas cadeiras e murmuravam baixinho ente si.
   O Sr. Maurizio prosseguiu:
   - Bem, bem... silenzio. Shh, amici miei. Deixem-me terminar! Ele quer levar nosso tigre de volta para a Índia, para o Parque Nacional Ranthambore, a grande reserva de tigres. O denaro do Sr. Kadam vai nos manter por dois anos! O Sr. Davis está d'accordo comigo e acredita que o tigre certamente será mais feliz naquele lugar.
   Olhei para o Sr. Davis, que assentiu, solene.
   - Combinamos que faremos os espetáculos desta semana e então o tigre irá com o Sr. Kadam com l'aereo, de avião, para a Índia, ao passo que nós seguiremos para a próxima cidade. Justin ficará conosco está última semana até o grandioso finale no sábado! - concluiu o apresentador do circo, com um tapinha nas costas do Sr. Kadam.
   Os dois então se viraram e deixaram o prédio.
   Imediatamente, as pessoas começaram a circular e conversar. Eu as observavam irem de um grupo a outro, como um bando de galinhas na hora da comida, andando e ciscando migalhas de informações e boatos. Falavam num tom animado e davam tapinhas nas costas uns dos outros, murmurando cumprimentos animados pelo fato de os próximos dois anos na estrada já estarem garantidos. 
   Todos estavam felizes, menos eu. Fiquei lá sentada, segurando o resto do meu muffin. Ainda estava boquiaberta e me sentia grudada na cadeira. Depois de me recompor, chamei Matt.
   - Como isso afeta o seu pai?
   Ele deu de ombros.
   - Papai ainda tem os cães e sempre teve interesse em trabalhar com cavalos miniaturas. Agora que o circo tem mais dinheiro, talvez tem mais dinheiro, talvez ele consiga fazer que com o Sr. Maurizio compre uns dois para que ele possa começar a adestrá-los.
   Ele se afastou enquanto eu pensava na pergunta: como isso me afeta? Eu me sentia... angustiada. Sabia que, de qualquer modo, o trabalho no circo terminaria logo, mas afastaram isso da mente. Eu sentiria muita saudade de Jus. Não me dera contra disso até aquele momento. Ainda assim, estava feliz por ele. Suspirei e me recriminei por me envolver tanto emocionalmente.
   Apesar de estar feliz pelo meu tigre, também estava triste, sabendo que sentiria falta de visitá-lo e de conversar com ele. Pelo resto do dia me mantive ocupada para não pensar no assunto. Matt e eu trabalhamos a tarde toda e só tive tempo de ver Jus novamente depois do jantar.
   Fui direto para minha tenda, peguei a colcha, o diário e um livro, e corri para o galpão. No meu cantinho favorito, sentei-me com as pernas esticadas.
   - Oi, Jus. Que boa notícia para você, hein? Vai voltar para a Índia! Espero de verdade que você seja feliz lá. Talvez encontre uma linda namorada tigresa.
   Ouvi uma espécie de resmungo vinda da jaula e pensei por um instante.
   - Espero que ainda sabia caçar e tudo mais. Bem, acho que o pessoal da reserva vai ficar de olho para que você não deixe de se alimentar.
   Ouvi um ruído no galpão e me virei. O Sr. Kadam acabara de entrar. Sentei-me um pouco mais ereta e me senti constrangida por ser flagrada conversando com um tigre.
   - Lamento interrompê-la - disse o Sr. Kadam. Seus olhos correram do tigre para mim, ele me estudou com cuidado e então afirmou: - Você parece ter... carinho por este tigre. Estou certo?
   Respondi, sem reservas: 
   - Está. Gosto da companhia dele. Então o senhor percorre circos resgatando tigres? Deve ser um emprego interessante.
   Sorrindo, ele explicou:
   - Ah, esse não é o meu trabalho principal. Minha verdadeira ocupação é administrar um grande patrimônio. O tigre é um item que desperta o interesse do meu empregador e foi ele quem fez a oferta ao Sr. Maurizio.
   Ele encontrou um banquinho e se sentou, equilibrando o corpo alto no banco baixo com naturalidade que eu não teria esperado de um homem daquela idade.
   - O senhor é da Índia?



Oii povo lindo do meu coração... então era para eu escrever mais nesse capítulo, mas não deu tempo nada nesse final de semana, mas para não deixar vocês sem o capítulo separei em partes de novo o capítulo 4... espero que gostem... Beijos :*


Um comentário:

  1. Continua q eu to adorando em.
    To desconfiado nesse estranho... serio mesmo
    Linda, vou ver se acho esse livro. Vi o sinopse e fiquei com vontade grande d ler o livro. Serio mesmo rsrs
    Bjos

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